Mark Tansey Monte Sainte Victoire

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A crítica de arte é uma formação histórica da modernidade


•A crítica é uma formação histórica da modernidade, dela retira suas condições de existência e validade, participando de suas contingências filosóficas. O termo crítica vem definindo condições de deslocamento histórico, que examina a possibilidade de conhecimento em contraposição ao conhecimento propriamente dito.
•Emanuel Kant encaminha a distinção de um juízo específico para apreciação da arte (belo).

•A crítica é tomada como uma das práticas discursivas da arte e arquitetura, ao lado da história, da estética e das teorias.

•Estas são veículos da instância do saber da arte e da arquitetura. Pois, “não há saber sem prática discursiva definida, e toda prática discursiva pode definir-se pelo saber que forma”.
•FOUCAULT, Michel. (1995). Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense, p. 207

DOIS VETORES DE ANÁLISE:

•O vetor da formação discursiva, que trata da interpretação do objeto artístico pela crítica, que possui identidades teóricas com a história. (ver estrategias del signo)
•O vetor da formação histórica da crítica no contexto da modernidade, verifica as suas motivações e tarefas específicas como orientadora do gosto e das tendências artísticas, cujo produto é o juízo.

•As formações discursivas são formas de descontinuidades do discurso, cortes que além de definirem as regularidades - correlações, posições, transformações e funcionamento - também definem “um sistema de dispersão de objetos” - conceitos, escolhas temáticas, tipos de enunciação.
•Atividade artística ou da crítica coloca no presente, uma episteme - dimensão que articula uma diversidade de historicidades entre si, segundo Michel Foucault; e que para Giulio Carlo Argan coloca ao nível da cultura vivida, sedimentações, canalizações, ligações conscientes e inconscientes entre fenômenos do passado e do presente.
•Este “conjunto de experiências estratificadas e difusas”, definem forças, que agem em determinado campo. FOUCAULT, op. cit. p. 216

•O conceito de campo de Pierre Bordieu, descreve uma estrutura específica formada pela relação de forças entre agentes ou sistema de agentes; cuja posição que ocupam no campo, determina o seu “peso funcional”, que delimita sua forma de inserção no “sistema de relações entre temas e problemas”.
•Em Foucault, os campos tornam-se estratos ou “formações históricas”, “camadas sedimentares feitas de coisas e palavras”, ou ainda “campos de legibilidades” ou de visibilidades.
•BORDIEU, Pierre. (1968). Projeto criador e Campo Intelectual, in Problemas do Estruturalismo, Rio de Janeiro: Jorge Zahar. DELEUZE, Gilles. (1988). Foucault. São Paulo: Brasiliense. p. 57

•A partir do conceito de Campo de Bordieu, deduz-se que a crítica de arte é parte constitutiva do campo artístico numa relação de “concorrência e complementaridade funcional”.
•Em Foucault, infere-se que a critica de arte e da arquitetura são “formações históricas”, cujos sentidos dependem das relações de forças que se expressam no campo artístico.
Anne Cauquelin indica o funcionamento do "meio artístico" como rede, então remete-se a definição de rede:

•Redes sócio-culturais: Rede é o próprio tecido da sociedade
•Distinguir redes alternativas e as pirâmides disfarçadas com base nos autores: Deleuze, Guattari, Mendel, Castells
•Redes são tecidos sociais que se formam a partir do estabelecimento
•de relações entre entes independentes, mobilizados por uma questão ou objetivos comuns que, de alguma forma, concorra para os objetivos específicos de cada ente (Inojosa, 2001). Esta definição enfatiza ou privilegia a comunicação ou relação entre pessoas e o objetivo compartilhado.
•Castells se encaminha para a mesma ênfase na conexão, para ele rede é um conjunto de nós interconectados...

•INOJOSA, Rose Marie. Redes de Compromisso Social. In: Revista de Administração Pública - RAP. Rio de Janeiro: FGV,33 (5),set./out.1999: 115-141.
•CASTELLS, Manuel. A Sociedade em redes. Tradução: Klaus Brandini Gerhrdt. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2000.

•Rede- Anne Cauquelin In Arte Contemporânea
•Características conjunto extensível, auto-organizável, repercutem-se umas sobre outras; a noção de sujeito comunicante se apaga em proveito da produção global de comunicações; anelação (ciclo) ; autonomia; nominação ou prevalência do continente (a rede sobre o conteúdo); redundância ou saturação; construção de uma realidade de segundo grau, simulação.


•Cf. Lugar Nenhum: meio da arte no Brasil Paulo Venancio Filho
•http://www.artesquema.com/escritos/o-meio-de-arte-no-brasil/
 
 

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