Mark Tansey Monte Sainte Victoire

domingo, 18 de setembro de 2011

"A origem do teórico para a arte"

Anne Cauquelin com o subtítulo “Platão e a origem do teórico para a arte” converge com a dicotomia deleuziana Niezsche e Platão.Fredrich Niezsche em a “Origem da Tragédia” e o “Crepúsculo dos ídolos” em que assinala as grandes etapas da filosofia:Platão, a filosofia cristã, Kant, o positivismo.Niezsche é um platonismo invertido (p. 34 Roberto Machado. Deleuze e a Arte).
Anne Cauquelin diz a moral e a dialética serão as substitutas da dupla Dionísio- Apolo.
A oscilação da arte em direção de uma ordem que ignora sua expressão para se estabelecer no discurso, no logos...
Passagem da theoria dionisiaca ao segundo sentido do termo: uma série de proposições encadeadas.
O duplo discurso -  a separação de arte da idéia de arte. O fazer (o techné) muito longe de poder realizar o belo (p. 29 Cauquelin). As atividades produtivas comprometidas com determinações concretas: utilidade, sucesso, desempenho; virtuosismo - aprovação/ desaprovação do público.
Como se sabe Platão divide o mundo: (de acordo em parte com Parmênides): o mundo sensível, da aparência / devir dos contrários; do mundo inteligível da identidade / da permanência de verdade- conhecido pelo intelecto puro sem interferência dos sentidos e das opiniões. O mundo sensível contém o conhecimento sensorial: particular, variável e mutável corresponde a doxa ou opinião. O conhecimento lógico e intelectual: universal, exato, absoluto corresponde a ciência ou episteme.
Dialética, diálogo, era o procedimento de fazer o discípulo recordar as idéias eternas, pela maiêutica, por si mesmo. A reminiscência no platonismo é “lembrança de uma verdade que, contemplada pela alma no período de desencarnação (o entremeio que separa suas existências materiais), ao tornar à consciência se evidencia como o fundamento de todo o conhecimento humano” (HOUAISS).

Platão condenava a escrita, pois segundo ele, esta só aumentaria o esquecimento dos homens, porque eles passariam a confiar em “signos exteriores e estrangeiros” diz Jeanne Marie Gagnebin. A única memória verdadeira seria aquela interior à alma, anamnese, a “reminiscência da essência” suscitada na arte dialética, que não teria existência física.
A teoria de Platão é ambiental pois se dissemina pelo viés da discussão do belo e não sobre a arte (p. 35 Cauquelin).
Para completar Anne Cauquelin, ainda,  em seu livro "Teorias da Arte", na parte sobre Platão, em: "Tradição desconcertante" disserta sobre o duplo discurso que separa a prática da arte da visão do belo pela passagem dos degraus do conhecimento até intuição do Um é reconstruído na interpretação dos neoplatônicos. A idéia de bem, belo passa a ter a arte como sua manifestação sobre a terra.O acesso ao reino das idéias passa pela via da arte.A arte é o meio mais direto de se unir ao Um, ao princípio de todas as coisas. A arte abre a visão do todo. A beleza é chave da compreensão."

Referências:
BITTENCOURT, Renato Nunes. O sentido da agonística para a vida ou a disputa de Nietzsche. Morpheus. Revista Eletrônica em Ciências Humanas - Conhecimento e Sociedade. In http://www.unirio.br/morpheusonline/renato%20nunes.htm
CAUQUELIN, Anne. Teorias da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
DELEUZE, Gilles. Platão, os gregos. In Crítica e Clínica. Tradução de Peter P. Pelbart S. Paulo: Editora 34, 1997.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Sete Aulas Sobre Linguagem Memoria e Historia.Imago, 1997
MACHADO, Roberto. Deleuze, arte e a filosofia. Rio de Janeiro, 2010





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