Mark Tansey Monte Sainte Victoire

domingo, 18 de setembro de 2011

A ideografia dinâmica / o mundo dos signos e da cognição

Em continuidade a discussão provocada por Vilém Flusser no seu “Texto/Imagem enquanto dinâmica do Ocidente”, outro texto "A ideografia dinâmica, rumo a uma imaginação artificial?" de Pierre Levy, oferece pistas para apronfundar o tal quadro da nova consciência pós-conceitual ("pós histórica"). Flusser diz que "o propósito é servir a nova imaginação na sua tarefa de dar significado ao mundo." E continua:
“Tal nova antropologia terá sem dúvida conseqüências profundas, em sua maioria, imprevisíveis. Apenas um único exemplo: a ciência (...) deixará de ser disciplina que explica e passará a ser disciplina que confere significado. O que a transforma em disciplina artística, já que a arte (o pensamento imaginativo) sempre procura conferir significado. Ora, ciência enquanto uma entre as artes obrigará repensarmos os conceitos de “verdade” e “conhecimento”.”
O livro de Pierre Levy, entre outras coisas, explora "o mundo dos signos e da cognição", ambicionando, talvez projetar "novas luzes sobre antigos problemas filosóficos acerca da linguagem e do pensamento". Pierre Levy diz que "ideografia dinâmica é um objeto puramente imaginário".
A introdução é uma proposição: "por um pensamento-imagem". Levy aponta o computador como "suporte possível de escritas dinâmicas". Disserta da relação entre escrita e suporte estático, poderíamos remeter as primeiras imagens também. Já a televisão e o cinema trazem ao mesmo tempo movimento e imagem: "são linguagens nem tanto lineares e estáticas mas intrinsecamente bidimensionais e animadas. Mas não são interativas e, sobretudo, não permitem a passagem à abstração nem o trabalho de conceitos". Diz Levy, há quem possa discordar, claro, com esta ultima sentença. No entanto, o que diz a seguir, importa. A tela do computador suporta ao mesmo tempo imagem animada, a interação e, a abstração. A informática contemporânea autoriza a concepção de uma "escrita dinêmica, cujos símbolos serão portadores de memória e capacidade de reação autônomas. Os caracteres dessa escrita não significarão apenas por sua forma ou disposição, mas também por seus movimentos e metamorfoses. Trata-se de algo bem diferente do hipertexto ou da multimidia interativa, que se satisafazem em mobilizar e dispor em rede os antigos modos de representação que são o lafabeto e a imagem gravada."
Levy diz que em ideografia dinâmica propõe uma linguagem "intrinsecamente ligada as capacidades de memória e interação (...)".

Referência
"A ideografia dinâmica, rumo a uma imaginação artificial?" de Pierre Levy, Edições Loyola.

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